My Favorite Things

A reinvenção emocional de “My Favorite Things” por John Coltrane

Ao escolher “My Favorite Things” para uma abordagem jazzística modal, John Coltrane transforma uma canção originalmente simples e reconfortante em uma experiência musical profunda e inovadora. A música, composta para o musical “The Sound of Music”, já trazia a ideia de buscar consolo em pequenas alegrias do cotidiano. Coltrane, porém, amplia esse conceito ao usar a repetição e a improvisação, tornando cada “coisa favorita” um ponto de partida para novas explorações sonoras e emocionais.

A letra cita imagens delicadas e familiares, como “raindrops on roses” (gotas de chuva nas rosas), “whiskers on kittens” (bigodes em gatinhos) e “warm woolen mittens” (luvas de lã quentinhas), que evocam sensações de aconchego e simplicidade. Esses detalhes funcionam como âncoras emocionais, especialmente nos versos finais: “When the dog bites / When the bee stings / When I'm feeling sad / I simply remember my favorite things / And then I don't feel so bad.” (Quando o cachorro morde / Quando a abelha pica / Quando estou triste / Eu simplesmente me lembro das minhas coisas favoritas / E então não me sinto tão mal). A versão de Coltrane, ao estender e reinventar essas imagens por meio do improviso, reforça a ideia de que o conforto pode ser encontrado tanto na lembrança quanto na criatividade, mostrando como o jazz pode transformar o simples em algo profundamente renovador.