On Your Mind

Entre culpa e graça em “On Your Mind” de John Mark Pantana

“On Your Mind” contrapõe lembranças datadas — verões de 2013 e 2016, 2h e 9h da manhã — a uma ideia que atravessa a eternidade: “before the world began, I was on Your mind” (antes de o mundo começar, eu estava na Sua mente). John Mark Pantana desmonta um retrato rígido de Deus — “You were rude and hated from the page” (você era rude e odiado na página) — ao mostrar que essa dureza vinha de sua leitura, não do caráter divino. No primeiro quadro, ele admite fuga e vergonha: “sipping all night” (bebendo a noite toda), “high as a kite” (chapado), sentindo “silent treatment” (sendo ignorado). O refrão corrige a percepção: mesmo ali, Deus já o tinha em mente.

Na segunda cena, a vida acelerada e o esgotamento aparecem: “busy life… dry… stress” (vida corrida… seco… estresse). Vem a confissão de incoerência: “We are one but I worked it on my own” (somos um, mas eu fiz por conta própria). A narrativa progride de culpa e ansiedade para segurança; o refrão repetido funciona como âncora afetiva e teológica.

O contexto bíblico é explícito: a faixa se inspira no Salmo 139:16-18, que afirma que Deus conhece a vida antes do nascimento e que Seus pensamentos são incontáveis. Isso ilumina versos como “Before the world began, I was on Your mind” (antes de o mundo começar, eu estava na Sua mente), lidos como providência e pré-ciência, mas também como amor incondicional ativo “on my darkest day” (no meu dia mais sombrio). Há ambiguidade produtiva em “high as a kite” (chapado), que pode apontar para intoxicação literal ou para uma tentativa de aliviar o peso interno, reforçando o contraste entre autossuficiência e cuidado divino. Lançada em 2019 no álbum Love Secrets, a canção veste a mensagem com pop moderno de toque indie e ecos de John Mayer; o timbre suave e íntimo sustenta o tom confessional: a presença de Deus permanece, mesmo quando a percepção falha.