Shot In The Dark

“Shot In The Dark”: recaída, memória e risco amoroso

“Shot In The Dark” encara o reencontro como desculpa e desejo ao mesmo tempo: ele minimiza o perigo (“é só mais um tiro no escuro”), mas admite que não consegue parar de tentar. A estética oitentista do clipe — jaqueta de couro e luz azul — reforça a nostalgia de “Sob Rock” (2021) e transforma a recaída em memória estilizada. Na letra, ele confessa a dificuldade de superar: “Takes way too long to get over you” (demora demais para eu te superar). Tenta impor limites — “the line we drew” (o limite que a gente traçou) —, porém volta quando é chamado. O refrão “We’re searching for the night together / where we don’t fall apart” (estamos procurando a noite juntos / em que a gente não se desfaça) traduz a esperança de uma noite perfeita que talvez nunca chegue: cada tentativa é uma aposta sem garantia.

As imagens se repetem para expor o padrão: “Strange conversation with you in my dreams” (conversa estranha com você nos meus sonhos), a projeção no outro — “I’ve loved seven other women and they all were you” (amei outras sete mulheres e todas eram você) — e o impulso de voltar — “Is the gate code still your birthday?” (o código do portão ainda é o seu aniversário?). Quando afirma “We had a run of bad romances… take your chances” (tivemos uma sequência de romances ruins... vamos arriscar), ele convida a tentar de novo; no verso do “Casanova”, relativiza o estrago: “It was only just a shot in the dark” (foi só um tiro no escuro). O contexto do álbum mantém o foco nas incertezas, e o clipe amplifica o tom afetivo pelo filtro nostálgico. Há ainda a camada pop-cultural: fãs veem ecos do passado de John Mayer com Taylor Swift, do verso de “Getaway Car” — “we never had a shotgun shot in the dark” (nós nunca tivemos um tiro de espingarda no escuro) — aos óculos que lembram “You Belong With Me”. Sem confirmação oficial, esse diálogo indireto reforça a ideia de ciclos que se repetem, irresistíveis mesmo diante do risco.