Gigolô
Jonas Sá
Eu não chego a ser mais
Que um gigolô
Me misturo com a calçada
Vendo falso amor
Mas eu
Não me dou
Nenhum amor
Solto risos frouxos
Sem motivo algum
Me dedico a contar notas
Na penumbra azul
Mas não
Conheci
Amor nenhum
Minhas faces são retalhos
De cores artificiais
Marcas luminosas
Slogans, dentes e sinais
Eu não chego a ser mais
Do que um pobre gigolô
Que ouve atrás da porta
E espreita teu amor
Ouço a tua carne
O som da respiração
O ranger da cama
Acende a minha emoção
O maço de cigarro
E a foto da pessoa morta
Servem de consolo
E me cantam bossa nova
E toca assim
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