Ladrão Que Entra Na Casa de Pobre Só Leva Susto

A Ironia da Pobreza: O Ladrão e a Casa do Pobre

A música "Ladrão Que Entra Na Casa de Pobre Só Leva Susto" de Jorge Costa é uma crítica social embalada em um tom humorístico e irônico. A letra descreve a situação de um ladrão que, ao invadir a casa de um pobre, não encontra nada de valor para roubar. A repetição da frase "só leva susto" reforça a ideia de que a pobreza é tão extrema que até mesmo um ladrão sai de mãos vazias.

A letra lista uma série de objetos que, em uma casa de pobre, são praticamente inúteis para um ladrão: um rádio que mistura estações, um surdo furado, um fogareiro de carvão, uma cuíca que não ronca, e um violão sem bordão. Esses itens são apresentados de forma quase caricatural, destacando a precariedade e a falta de recursos. A galinha que canta grosso e a cama sem colchão são exemplos adicionais que sublinham a falta de conforto e a dificuldade da vida cotidiana dos pobres.

Além disso, a música também aborda a desconfiança e a vigilância constante que permeiam a vida dos pobres. O papagaio depenado que fala da vida alheia e o cachorro vira-lata que não pode nem latir sem cair são metáforas para a vulnerabilidade e a exposição das pessoas em situação de pobreza. A letra, portanto, não só critica a desigualdade social, mas também expõe a resistência e a resiliência dos pobres, que, apesar de tudo, continuam a viver e a encontrar humor em suas circunstâncias.

Através de uma melodia cativante e uma letra espirituosa, Jorge Costa consegue transformar uma crítica social em uma reflexão leve e acessível sobre a realidade da pobreza. A música nos convida a pensar sobre as disparidades sociais e a valorizar a resiliência daqueles que, mesmo com tão pouco, conseguem seguir em frente.