Movimiento

Identidade e migração em "Movimiento" de Jorge Drexler

A música "Movimiento", de Jorge Drexler, explora como a identidade humana é construída a partir do deslocamento, tanto físico quanto simbólico. Inspirada na história de Lorena Ramírez, corredora rarámuri que venceu uma ultramaratona usando sandálias tradicionais, a canção usa o movimento como metáfora para a resistência dos povos indígenas e para a trajetória migratória da humanidade. Quando Drexler canta “Somos una especie en viaje / No tenemos pertenencias, sino equipaje” (Somos uma espécie em viagem / Não temos posses, mas bagagem), ele destaca que carregamos experiências, memórias e sonhos, e não apenas objetos, mostrando que a mobilidade é parte fundamental da existência humana.

A frase “Yo no soy de aquí, pero tú tampoco / De ningún lado del todo y, de todos / Lados un poco” (Eu não sou daqui, mas você também não / De nenhum lugar por completo e, de todos / Lugares um pouco) resume a visão de Drexler sobre pertencimento: todos somos, em algum grau, migrantes, e nossa identidade é formada por múltiplas origens. O artista reforça a importância de reconhecer nossas raízes sem perder a perspectiva de uma identidade global, abordando temas como guerras, canções de ninar e migrações. O tom acolhedor da música incentiva a empatia e a compreensão das diferenças, enquanto versos como “Si quieres que algo se muera / Déjalo quieto” (Se você quer que algo morra / Deixe parado) mostram que a vida, a cultura e os sonhos só sobrevivem em constante movimento. "Movimiento" celebra a travessia, a adaptação e a riqueza de sermos todos viajantes em busca de novos horizontes.