Grândola Vila Morena

“Grândola Vila Morena”: símbolo de união e liberdade popular

A frase “O povo é quem mais ordena” destaca o caráter revolucionário de “Grândola Vila Morena”, antecipando a ideia de poder popular e autogestão que só se concretizaria anos depois, com a Revolução dos Cravos. Ao escolher Grândola, uma vila aparentemente comum, como símbolo de fraternidade e igualdade, José Afonso transforma o local em uma metáfora universal para qualquer comunidade que valorize a solidariedade e a justiça social.

A letra exalta a união e a igualdade entre as pessoas, como nos versos “Em cada esquina um amigo / Em cada rosto igualdade”. Inspirada pela recepção calorosa que José Afonso teve na vila, a canção utiliza imagens simples para transmitir a ideia de uma sociedade fraterna, sem distinções entre os habitantes. O uso do “cante alentejano” e do coro reforça essa coletividade, já que a música foi feita para ser cantada em grupo, simbolizando a força da união popular. O trecho “À sombra duma azinheira / Que já não sabia a idade / Jurei ter por companheira / Grândola a tua vontade” sugere um compromisso duradouro com os valores da vila, representando a promessa de fidelidade à vontade coletiva e à liberdade.

O contexto histórico amplia ainda mais o significado da música. Ao ser escolhida como senha para o início da Revolução dos Cravos, “Grândola Vila Morena” tornou-se um hino de resistência contra a ditadura e de celebração da democracia. Assim, a canção ultrapassa sua origem local e se transforma em símbolo nacional de liberdade, fraternidade e esperança, sendo entoada até hoje em protestos e celebrações democráticas em Portugal.