Milho Verde

Liberdade e tradição rural em “Milho Verde” de José Afonso

Em “Milho Verde”, José Afonso transforma o ambiente rural em um espaço de liberdade e cumplicidade, indo além do simples cenário para encontros amorosos. O milho verde, repetido ao longo da canção, simboliza um lugar onde as normas sociais podem ser suavemente questionadas. Ao reinterpretar essa canção tradicional e incluí-la no álbum “Cantigas do Maio”, Afonso reforça seu compromisso com a valorização da cultura popular e a resistência cultural, especialmente relevante durante o período de repressão em Portugal.

A letra apresenta diferentes personagens e situações, como em “Namorei uma cachopa”, “Namorei um rapazinho” e “Namorei uma casada”, sugerindo uma visão aberta sobre o amor, sem limitações de gênero ou estado civil. Essa abordagem pode ser entendida como uma metáfora para a liberdade de escolha e a quebra de tabus, temas centrais na música de intervenção. O refrão, que chama as “mondadeiras” para cuidar do milho e anuncia a chegada da merenda, traz um tom leve e cotidiano, celebrando o trabalho coletivo e a alegria simples da vida no campo. O uso do adufe e o ritmo sincopado dão à canção uma energia vibrante, conectando tradição e renovação.