Non Pìù Andrai

A Despedida de um Don Juan para a Vida Militar

A ária "Non più andrai" é uma das peças mais famosas da ópera "As Bodas de Fígaro", composta por Wolfgang Amadeus Mozart, com libreto de Lorenzo Da Ponte. A interpretação de José Carlos Santos Silva, um barítono reconhecido, traz à vida o personagem Fígaro, que canta esta ária no final do primeiro ato da ópera. A música é uma espécie de zombaria dirigida ao jovem Cherubino, um pajem mulherengo que é forçado a deixar sua vida de sedutor para se juntar ao exército.

A letra descreve a transformação que Cherubino deve enfrentar ao trocar a leveza e a vaidade de sua vida anterior pela dura realidade da vida militar. Fígaro brinca com a perda dos 'penacchini' (penas decorativas) e do 'cappello' (chapéu), símbolos de sua antiga vida galante, e os contrasta com os 'gran mustacchi' (grandes bigodes) e 'stretto sacco' (uniforme apertado) que agora farão parte de sua indumentária. A ária também contrasta a dança alegre do fandango com a marcha pesada pelo lamaçal, e as festas com as batalhas, onde os sons dos canhões substituem a música.

A música é uma sátira que reflete sobre as mudanças abruptas na vida e a perda da juventude, ao mesmo tempo em que critica a vaidade e a superficialidade. A transição de Cherubino de um 'farfallone amoroso' (borboleta amorosa) para um soldado é uma metáfora para o amadurecimento e as responsabilidades que vêm com a idade. A ária é um exemplo clássico do uso de humor e ironia na ópera para abordar temas mais profundos de crescimento pessoal e mudança social.