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Letra

    É a hora em que o sino toca,
    mas aqui não há sinos;
    há somente buzinas,
    sirenes roucas, apitos
    aflitos, pungentes, trágicos,
    uivando escuro segredo;
    desta hora tenho medo.

    É a hora em que o pássaro volta,
    mas de há muito não há pássaros;
    só multidões compactas
    escorrendo exaustas
    como espesso óleo
    que impregna o lajedo;
    desta hora tenho medo.

    É a hora do descanso,
    mas o descanso vem tarde,
    o corpo não pede sono,
    depois de tanto rodar;
    pede paz - morte - mergulho
    no poço mais ermo e quedo;
    desta hora tenho medo.

    Hora de delicadeza,
    gasalho, sombra, silêncio.
    Haverá disso no mundo?
    É antes a hora dos corvos,
    bicando em mim, meu passado,
    meu futuro, meu degredo;
    desta hora, sim, tenho medo.

    Composição: Carlos Drummond de Andrade / José Miguel Wisnik. Essa informação está errada? Nos avise.

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