A Chegada de Lampião No Inferno

O humor e a crítica social em "A Chegada de Lampião No Inferno"

"A Chegada de Lampião No Inferno", de José Pacheco, utiliza o humor para transformar Lampião, famoso cangaceiro do sertão, em alguém tão temido que nem o próprio Satanás quer recebê-lo no inferno. A música brinca com a reputação lendária de Lampião, colocando-o acima até das figuras demoníacas. Isso fica claro quando Satanás recusa sua entrada: “Só me chega gente ruim / Eu ando muito caipora / Eu já to inté com vontade / De botar mais da metade / Dos que têm aqui pra fora”. Essa inversão, onde o inferno teme o visitante, ironiza a ideia de justiça e castigo, além de reforçar a fama quase mítica do personagem.

O cordel mistura fatos históricos e elementos do folclore nordestino, citando personagens do cangaço e expressões típicas do sertão, com situações absurdas e cômicas, como o caos financeiro causado por Lampião: “Queimou-se vinte mil conto / Que Satanás possuía / Queimou-se o livro do pont / Perderam seiscentos contos / Somente em mercadoria”. O uso de nomes caricatos e exageros reforça o tom satírico, característico da literatura de cordel. O final, ao desafiar o leitor a “escrever para os inferno / Mande saber de Caim” caso duvide da história, encerra a narrativa com humor e convida o público a participar da brincadeira, misturando crítica social e entretenimento.