Feito a Maré (part. Gilsons)

Ciclos afetivos e saudade em "Feito a Maré (part. Gilsons)"

Em "Feito a Maré (part. Gilsons)", Jota.pê utiliza a metáfora da maré para ilustrar os ciclos emocionais de um relacionamento, destacando a influência da música cabo-verdiana e da obra de Mayra Andrade em sua composição. A canção explora a fluidez dos sentimentos e a presença constante da saudade, que se manifesta de forma quase física no cotidiano do narrador. Isso fica claro em versos como: “Quem diria que a saudade iria / Fazer tanto drama / Dormir no meu peito todo dia / Morar no teu lado da cama”, onde a saudade deixa de ser apenas ausência e passa a ocupar um espaço real na vida do eu lírico.

A repetição de versos como “Cê me rodeia outra vez / Eu faço festa por te ter de novo” reforça a ideia de que o relacionamento é marcado por idas e vindas, com reencontros celebrados, mas também acompanhados de medo e incerteza, como em “Me dá medo você perto / Aperta o peito e talvez / Só metade de mim saiba ao certo”. O trecho “Feito a maré / Aceitar que o Sol se põe / E traz no escuro / Um jeito de enxergar” sugere que os sentimentos, assim como a maré e o pôr do sol, têm seus próprios fluxos naturais de afastamento e retorno. A música transmite uma mensagem de aceitação diante das mudanças e da saudade, mostrando que há beleza e aprendizado mesmo nos momentos de ausência.