Ouro Marrom

A valorização da identidade negra em "Ouro Marrom"

Em "Ouro Marrom", Jota.pê utiliza o título para criar uma metáfora que valoriza a pele negra, comparando-a ao ouro, símbolo de algo precioso. Nos versos “Que as minhas mãos só toquem ouro” e “Que essa pele marrom suba o tom se for preciso”, o artista transforma a experiência de ser negro, marcada pelo racismo, em motivo de orgulho e celebração. A música nasceu de uma dor pessoal diante do preconceito, mas se transforma em exaltação da negritude, especialmente ao pensar nas futuras gerações, como mostra o trecho “Nossas filhas verão mais amor que nós”.

A letra equilibra a lembrança da dor, como em “No meu peito a mesma dor que afoga”, com esperança e luta por dias melhores, guiada pela ancestralidade e força coletiva: “Oração dos meus pais / E bem mais atrás nosso tesouro”. Jota.pê conecta a resistência dos antepassados à busca atual por dignidade e amor, sugerindo que o verdadeiro tesouro está na herança cultural e na identidade negra. O tom da música é de superação e esperança, reforçado pela repetição de “Sou mais, sou mais” e “Bem mais amor, eu sei pelo que brigo”. Assim, a canção reafirma o orgulho resiliente, transformando a dor em força e a identidade em motivo de celebração.