Mano Underground

Autenticidade e resistência em "Mano Underground" de Jotapê

Em "Mano Underground", Jotapê faz uma crítica direta à apropriação da estética underground por rappers que buscam sucesso rápido. Ele denuncia artistas que "roubam a estética, a rima, a levada e o cabelo do nego que já tá de uns dia no corre", apontando que muitos adotam o visual e a linguagem das ruas sem realmente viver a realidade do gueto. Essa crítica ganha força quando relacionada à trajetória do próprio Jotapê, que, após passar pelo funk e buscar novos caminhos artísticos e espirituais, reafirma sua autenticidade no rap. Ele deixa claro que não segue tendências e valoriza sua identidade: "Nunca fui um cara de seguir tendência / A ovelha negra, o sempre do contra".

A música também aborda o peso das expectativas e as dificuldades enfrentadas por quem vem da periferia. Em versos como "Meu estúdio tem sido quase uma forca", Jotapê revela a pressão constante para não errar e a responsabilidade de representar o gueto com verdade. O orgulho de ser underground aparece como uma forma de resistência à comercialização e à superficialidade do cenário musical atual. Além disso, a fé e os laços familiares são apresentados como forças que o mantêm longe do crime e focado em seus objetivos: "Minha fé que me move / Se não fosse ela eu já tava na boca". Ao repetir que é "um mano underground", Jotapê reforça a importância de manter a originalidade e a conduta, mesmo diante dos desafios do mercado.