Essa Mulher

Multiplicidade feminina no cotidiano em “Essa Mulher”

Em “Essa Mulher”, Joyce Moreno explora a complexidade da identidade feminina ao alternar, na letra, os termos “senhora”, “menina” e “mulher”. Essa escolha revela como a mulher assume diferentes papéis ao longo do dia, refletindo as várias dimensões de sua vida. Joyce Moreno e Ana Terra, ao compor a música, buscaram retratar a mulher comum, que equilibra a dedicação à família, o desejo de realização pessoal e a vivência da sexualidade, tudo isso dentro da rotina diária.

Na primeira estrofe, a mulher aparece como “senhora”, dedicada às tarefas domésticas, mas também demonstrando cuidado coletivo e sofrimento silencioso, como em “seca os olhos” e “pede pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão”. À tarde, ela se transforma em “menina”, expressando sonhos, vaidade e vontade de liberdade ao se imaginar artista. Já na madrugada, a “mulher” assume sua sexualidade e poder de sedução, mas enfrenta a contradição entre prazer e infelicidade, evidenciada no verso “agradece ao destino aquilo tudo que a faz tão infeliz”. O trecho final, “essa menina, essa mulher, essa senhora / em quem esbarro a toda hora no espelho casual / é feita de sombra e tanta luz”, resume a coexistência dessas facetas, marcadas por ambiguidades e desejos.

A canção vai além de uma homenagem, propondo uma reflexão sobre a pluralidade da experiência feminina. A sensibilidade das compositoras aparece no equilíbrio entre realismo e poesia, tornando “Essa Mulher” um retrato fiel e empático da mulher brasileira.