Old Times Sake (Epigraph By Yesika Salgado)

Em “Old Times Sake (Epigraph By Yesika Salgado)”: gatilhos

“Old Times Sake (Epigraph By Yesika Salgado)” nasce como epígrafe musical: JP Saxe adapta um poema de Yesika Salgado para abrir o álbum A Grey Area (2023). A faixa mistura spoken word e melodia suave, com clima de diário íntimo, para mostrar como o amor é acionado por detalhes do dia a dia. Logo no início, “Depends on the day / Or the lighting / Or how sweet I took my coffee” (Depende do dia / Ou da iluminação / Ou de quão doce eu fiz meu café) anuncia que qualquer nuance pode mexer na lembrança e no desejo. A letra enumera gatilhos cotidianos — um sorriso na rua, “a line in the last book I read” (uma frase no último livro que li), o que se come no jantar, “the weed I smoked” (a maconha que fumei), escolher dormir cedo ou perder o sono — para reforçar que humor e memória são moldados pelo entorno. Ao musicalizar o texto de Salgado, Saxe dá um formato cantável a essa reflexão e define o tom introspectivo do disco.

A trajetória emocional sai da observação calma para um impulso súbito no fecho: “Who knows what it is that'll suddenly make me want to love you again / One last try / For old times' sake” (Quem sabe o que é que de repente vai me fazer querer te amar de novo / Uma última tentativa / Pelo bem dos velhos tempos). É tese e confissão: não importa qual detalhe dispare, a vontade de tentar de novo aparece, equilibrando esperança com cansaço. “For old times’ sake” carrega duplo sentido — gesto terno de respeito ao passado e possível pretexto para repetir um ciclo — enquanto a própria forma de epígrafe lembra que palavras, objetos e rotinas funcionam como chaves de saudade e coragem breve para recomeçar.