Maze

Dor, vício e criação em “Maze”, de Juice WRLD: labirinto

“Maze” (segunda faixa de Death Race for Love, 2019) usa o labirinto como figura da saúde mental fragilizada e da dependência, ponto ressaltado pela recepção do álbum. No refrão, cai a fachada de normalidade: “Everything's okay but it's not really okay / My life's a death race / I'm numbing my pain with codeine rain” (Está tudo bem, mas na verdade não está / Minha vida é uma corrida da morte / Estou anestesiando minha dor com uma chuva de codeína). Ele afirma estar lúcido no descontrole — “I'm not in my subconscious, I'm conscious” (Não estou no meu subconsciente, estou consciente) — e cola vício e processo criativo num trocadilho com as DAWs: “These pills and my pro tools still got logic” (Essas pílulas e meu Pro Tools ainda têm Logic), sugerindo que a “lógica” que o mantém funcional vem tanto das drogas quanto do estúdio.

Os versos orbitam entorpecimento, impulsividade e repetição. Ele busca adrenalina e testa limites: “I chase thrills / Ride a dirt bike down the ditch, see if I live” (Eu persigo emoções fortes / Desço de moto de trilha pelo barranco para ver se eu vivo), enquanto lista escapes químicos. Há pedido de ajuda — “Mama, I'm losing my mental” (Mãe, estou perdendo a sanidade) —, mas também recusa e tentativa de controle: “I'm not going in” (Eu não vou entrar). A dor vira capital que rende mais dor: “I took my demons into the bank of life / And I made the biggest deposit” (Levei meus demônios ao banco da vida / E fiz o maior depósito). O enredo fica em aberto — “Story to be continued” (História a ser continuada) — e o mantra “I run, I run, I run” (Eu corro, eu corro, eu corro) sela a fuga contínua.