Wandered To LA (feat. Justin Bieber)

“Wandered To LA (feat. Justin Bieber)”: Amor e vício em LA

Em “Wandered To LA (feat. Justin Bieber)”, LA aparece menos como cidade turística e mais como vitrine e vício. O amor que bate à porta do quarto de hotel se confunde com a entrega às drogas, admitido pelo próprio verso: “Maybe it’s the love, maybe it’s the drugs” (Talvez seja o amor, talvez sejam as drogas). A noite de fuga vira colisão entre desejo e anestesia: ele chega para explorar e encontra excessos — sexo, substâncias e uma parceira que também fornece: “my girlfriend is the plug” (minha namorada é a fornecedora). As imagens acentuam a tensão entre euforia e ameaça: “Cocaine strums like guitar chords” (A cocaína dedilha como acordes de guitarra), “ghost... front porch” (fantasma... varanda da frente), “blood... front door” (sangue... porta da frente). Lembranças de Xans no Honda e de consumo ostentado viram contraste com a desigualdade do sonho: “Fantasies became reality / But only for one of us” (As fantasias viraram realidade / Mas só para um de nós). O refrão volta como mantra de recaída, e ele encara o peso do problema: “I’m the elephant in the room” (Eu sou o elefante na sala) e “My nightmares are startin’ to come true” (Meus pesadelos estão começando a virar realidade).

Quando Justin Bieber entra, o tom muda para tentativa de cuidado e limite: “give me space and let me breathe” (me dê espaço e me deixe respirar), “focus on the little things” (focar nas pequenas coisas), “never wanna end up how we used to be” (nunca quero voltar a ser como éramos), “this misery needs some company” (essa angústia precisa de companhia). Vindo de alguém que já falou publicamente sobre saúde mental e uso de substâncias, soa como esforço de manter o relacionamento vivo sem repetir padrões. Lançada de forma póstuma no álbum Fighting Demons — e apresentada por Juice WRLD já em 2018, antes da adição de Bieber — a faixa junta duas trajetórias marcadas por fama, amor e turbulência. O encontro em LA vira relato íntimo de fim de noite sobre como afeto e drogas se embaralham — e como a consciência do problema não elimina o ímã da tentação.