Ponto de Preto Velho - Meu Cativeiro

A Lamentação e Resistência em 'Ponto de Preto Velho - Meu Cativeiro'

A música 'Ponto de Preto Velho - Meu Cativeiro', interpretada por Juliana D Passos do Canal Macumbaria, é uma expressão profunda das dores e da resistência do povo africano escravizado no Brasil. A letra remete ao lamento de um Preto Velho, figura emblemática na Umbanda e no Candomblé, que representa os espíritos dos antigos escravos que, mesmo após a morte, continuam a oferecer sabedoria e conforto aos vivos. A repetição do verso 'Eu choro meu cativeiro' ressalta a tristeza e a opressão vivida durante o período da escravidão, onde a liberdade era negada e a vida era marcada pelo trabalho forçado e pela submissão.

A canção também destaca a importância da espiritualidade como forma de resistência e alívio. A menção ao 'Preto Velho batia tambor' e os termos 'Saravar Ogum, saravar pai Xangô' indicam a prática de rituais religiosos afro-brasileiros como um meio de manter viva a cultura africana e de buscar forças nas divindades, Ogum e Xangô, orixás do panteão africano, representando a guerra, o trabalho e a justiça, respectivamente. Esses momentos de conexão espiritual eram um refúgio e uma forma de resistência cultural diante de um sistema que buscava apagar suas identidades.

A música, portanto, é um tributo à memória dos ancestrais africanos e à sua luta pela sobrevivência e preservação de sua cultura. Ela reflete a dor da escravidão, mas também a força e a resiliência de um povo que encontrou na fé e na comunidade os meios para suportar as adversidades e manter viva sua herança cultural.