Luta Por Mim (part. Mulambo)

Violência, resistência e memória em “Luta Por Mim (part. Mulambo)”

“Luta Por Mim (part. Mulambo)”, de Jup do Bairro, aborda de forma direta a dor e a revolta diante da violência policial e do racismo estrutural no Brasil. A música critica a hipocrisia de uma sociedade que só reconhece corpos negros e trans após a morte, como fica claro no verso: “Agora 'cês não vão me esquecer, né? Fui imortalizado com um mural na Paulista”. Aqui, Jup denuncia o fenômeno das homenagens póstumas, mostrando que, em vida, essas pessoas eram ignoradas ou marginalizadas, mas, ao se tornarem vítimas de violência, viram símbolos de protesto. O videoclipe reforça essa mensagem ao trazer mães de vítimas da violência policial, incluindo a mãe da própria Jup, evidenciando o impacto pessoal dessas perdas.

A letra alterna entre o desejo de continuidade da luta – “Quero que continue a subir / Mesmo com a ideia de me ver partir” – e a denúncia da invisibilidade social: “Só lembrar que preto existe quando morre / É aceitar que ou preso ou morto já é algo cultural”. Mulambo destaca o ciclo de comoção superficial, criticando a falta de ações concretas, como em “Sua hashtag foi o ponto final”. Em entrevistas, Jup do Bairro reforça que a música é um chamado para que a luta por justiça seja coletiva, indo além dos diretamente afetados. O refrão “Luta por mim!” resume esse apelo, pedindo que a resistência continue mesmo quando as vozes são silenciadas. O final repetitivo – “Eu não vou morrer” – afirma a resistência e a sobrevivência, rejeitando a morte simbólica e literal imposta pelo racismo e pela violência.