As Tortas e As Cucas

Exploração psicodélica e regional em “As Tortas e As Cucas”

Em “As Tortas e As Cucas”, Júpiter Maçã explora estados alterados de consciência, logo evidenciados pela sensação de “derretimento” do corpo e da mente “flutuando”. Esses elementos, presentes desde o início da música, remetem diretamente a experiências psicodélicas, reforçadas pelo contexto experimental do álbum “A Sétima Efervescência”. A letra traz imagens como conversar com a própria sombra e se fundir a uma pedra, sugerindo uma busca de autoconhecimento e a dissolução do ego, temas comuns em vivências psicodélicas, onde o indivíduo sente-se parte do todo e enxerga a realidade de forma ampliada e não convencional.

O verso repetido “abrindo as tortas e as cucas” funciona como um mantra, indicando a abertura de camadas internas da mente. “Cucas” é uma gíria para cabeça ou mente, mas também faz referência a doces típicos do sul do Brasil, trazendo um tom lúdico e regional à música. O trecho em que o narrador se encontra “no meu guarda-roupa, em posição fetal, achando tão normal” sugere um retorno ao estado primordial, quase um renascimento, reforçado pela menção ao “flashback maternal”. Assim, Júpiter Maçã mistura situações cotidianas e absurdas para transmitir a sensação de transcendência e redescoberta de si mesmo, característica marcante de seu universo psicodélico.