Miss Lexotan 6mg Garota

Crítica à ansiedade moderna em “Miss Lexotan 6mg Garota”

Em “Miss Lexotan 6mg Garota”, Júpiter Maçã faz uma crítica irônica à dependência de medicamentos como resposta às angústias da vida contemporânea. O nome da personagem, inspirado em um ansiolítico, já indica o tom sarcástico da música. A letra retrata uma mulher inquieta, que busca alívio para sua ansiedade em remédios e práticas espirituais, como frequentar o templo Hare Krishna, mas nunca encontra paz. Isso fica claro no verso “mas mesmo assim ela não fica leve”, mostrando que nenhuma dessas tentativas resolve seu desconforto.

A música também aborda a solidão e a insatisfação afetiva da personagem. No trecho “Ela é tensa só porque seu amor não vive em São Paulo / Nem Porto Alegre, em lugar nenhum”, Júpiter Maçã sugere que a sensação de vazio não se resolve com mudanças externas. O tom irônico se intensifica ao tratar de temas como a frieza sexual e o medo de não ser amada: “Ela teme intensamente que jamais conheça um carinha / Que vai comê-la estando apaixonado”. A linguagem direta reforça a crítica à superficialidade das relações e à busca constante por algo que alivie o vazio existencial. O refrão repetitivo, quase como um mantra, destaca a identidade da personagem ligada ao remédio, enquanto o final da música, com “tudo ficará positivamente mórbido”, reforça a melancolia e o desencanto. Assim, Júpiter Maçã constrói um retrato ácido da busca por sentido em uma sociedade ansiosa e desiludida.