O Limbo do Menino Sem Olhos

Travessia e perda em “O Limbo do Menino Sem Olhos”

Em “O Limbo do Menino Sem Olhos”, k a m a i t a c h i explora temas de perda, desorientação e busca por sentido diante da ausência. A figura do “menino sem olhos” representa uma cegueira existencial, simbolizando a dificuldade de enxergar um caminho após uma grande perda. A presença constante de Caronte, o barqueiro dos mortos da mitologia grega, reforça a ideia de uma travessia não apenas física, mas também emocional e espiritual. Termos como “mutirão de fantasmas” e a menção à moeda para atravessar o mar fazem referência direta ao mito grego, sugerindo que o personagem está preso em um limbo, entre a vida e a morte ou entre o passado e o presente.

A busca por “alguém do meu sangue” e o chamado por Anabel revelam o desejo de reencontrar alguém importante, seja por conta da morte ou de um afastamento emocional. O mar, descrito como um lugar onde “não pode nadar”, funciona como metáfora para um obstáculo intransponível, reforçando o sentimento de impotência diante da separação. O verso “O Caronte levou meu horizonte” expressa a perda de esperança e de perspectivas, como se a travessia para o outro lado tivesse apagado qualquer possibilidade de futuro. A letra, marcada por imagens sombrias e referências à mitologia, constrói uma narrativa de dor, saudade e tentativa de conexão mesmo diante do impossível.