Sabbat

Rituais, autonomia e subversão em “Sabbat” de k a m a i t a c h i

Em “Sabbat”, k a m a i t a c h i explora a recusa de estruturas de poder tradicionais e valoriza a autossuficiência do grupo, como fica claro no verso repetido: “não precisamos de reinos, a gente cuida de nós mesmos”. A música se ancora em referências a rituais pagãos e ocultistas, usando o termo “Sabbat” e imagens de danças circulares — “gira, gira até a Lua aborrecer” — para destacar a importância da coletividade e da conexão com as forças naturais. Elementos como vento, chuva, árvores e a Lua reforçam essa ligação com a natureza, sugerindo que o ritual acontece em sintonia, ou até em confronto, com o ambiente ao redor.

A letra constrói uma atmosfera sombria, marcada por expressões como “chamas das trevas”, “buracos negros nesse céu” e “o cheiro do inferno começar a proliferar”. Esses elementos criam um cenário de caos, onde o grupo se fortalece ao abraçar o desconhecido e o proibido. A tensão entre o sagrado tradicional e a subversão aparece na imagem de “cruzes, crucifixos se entortam mas não se partem”, mostrando que os símbolos religiosos são distorcidos, mas não destruídos. A referência a Vênus, deusa do amor e da beleza, fragmentando o tempo, sugere a presença de forças ambíguas, misturando sensualidade, poder e destruição no contexto do sabbat.

No fim, “Sabbat” celebra tanto a individualidade quanto a força coletiva diante do caos. O grupo transforma medo e desconhecido em fonte de poder e pertencimento, evocando entidades e aguardando a “besta” para entrar na roda, o que reforça o caráter transgressor e libertador do ritual, desafiando os limites impostos pela ordem tradicional.