DOPAMINE

Relações tóxicas e vício emocional em “DOPAMINE”

“DOPAMINE”, de Kami Kehoe, explora de forma direta como o fim de um relacionamento pode gerar uma sensação de abstinência emocional, comparável à dependência de substâncias. A escolha da palavra “dopamine” como metáfora central destaca o impacto do término, como se a felicidade tivesse sido retirada pela pessoa amada: “My dopamine is all gone because you took everything and gave it all to someone new” (Minha dopamina se foi porque você tirou tudo de mim e deu tudo para outra pessoa). O contexto do EP “Kandy” reforça essa ideia, já que Kehoe afirmou que escreveu as músicas durante o processo de superar uma separação, usando doces, drogas e outros prazeres como metáforas para relações aparentemente agradáveis, mas prejudiciais.

A letra revela a vulnerabilidade de quem tenta se anestesiar da dor, seja “olhando para o outro lado” ou buscando algo para “usar” como substituto do prazer perdido. Trechos como “Tattoos to hide your fingerprints” (Tatuagens para esconder suas digitais) mostram tentativas de apagar marcas emocionais profundas, enquanto “I can't feel a thing” (Não consigo sentir nada) expressa o entorpecimento típico do luto amoroso. O ciúme e o ressentimento aparecem em “Do you think about me when you're with them?” (Você pensa em mim quando está com eles?), evidenciando a dificuldade de aceitar a substituição. No final, frases como “Everything you said was a lie” (Tudo o que você disse era mentira) e “I didn't think you'd ruin my life” (Eu não achei que você arruinaria minha vida) mostram a percepção de que o prazer era ilusório e destrutivo. Assim, a música transforma a experiência pessoal de Kehoe em uma reflexão sobre vício emocional, perda e o caminho para a cura.