Limbo

Contradições e vazio existencial em "Limbo" de Kant

Em "Limbo", Kant utiliza ironia e sarcasmo para explorar as contradições entre os desejos humanos e as regras morais impostas, criando uma atmosfera de frustração e ambiguidade. Logo no início, a sequência “Olhe! Mas não toque! Toque! Mas não prove! Prove! Não engula!” destaca a ideia de tentação e repressão, remetendo ao conceito de limbo como um estado de suspensão, onde nada é plenamente permitido ou proibido. O título e a trajetória do artista, que já abordou temas de transição e incerteza em outros trabalhos, reforçam essa visão de um espaço mental e existencial marcado por paradoxos e moralidade ambígua.

O tom sombrio se intensifica quando Kant aborda temas como violência, niilismo e hipocrisia social. Ao comparar tortura a um “piquenique no parque” e afirmar “A vida é simples / Se você olhar com calma, verá que todos estão fingindo”, ele ironiza a banalização do sofrimento e a falsidade das relações. O relato sobre o pai, que perdeu tudo e se entregou à bebida, serve como um retrato distorcido da normalidade, sugerindo que o verdadeiro limbo é a rotina sem sentido. Kant também questiona o valor do sucesso e admite o tédio e a hipocrisia de sua posição, recorrendo a remédios e álcool para lidar com o vazio.

A música desafia tabus ao citar incesto e indiferença a gêneros, como em “Aqui não existe sujo também, nenhum limpo / Aqui não importa se você tem buceta ou um pinto”. O limbo é apresentado como um espaço onde as convenções perdem o sentido: tudo é permitido, mas nada satisfaz. A crítica social se mistura ao sarcasmo ao mostrar a alienação coletiva diante de problemas reais, enquanto a sociedade se distrai com futilidades. No final, Kant assume seu próprio triunfo de forma amarga, sugerindo que, no limbo, até o sucesso é apenas mais um estágio do vazio.