No Church In The Wild (feat. JAY-Z, Frank Ocean & The-Dream)

Autoridade e fé questionadas em “No Church In The Wild”

A música “No Church In The Wild (feat. JAY-Z, Frank Ocean & The-Dream)” aborda de forma direta a contestação das hierarquias sociais e religiosas, mostrando que, para quem rejeita crenças estabelecidas, figuras como reis e deuses perdem seu poder. O verso inicial, “What’s a god to a non-believer? Who don’t believe in anything” (O que é um deus para um descrente? Que não acredita em nada), resume a ideia de que estruturas de autoridade só existem enquanto são aceitas, e que a descrença pode ser uma forma de liberdade radical. O videoclipe reforça essa crítica ao mostrar confrontos entre manifestantes e policiais, simbolizando a luta por autonomia em meio ao caos urbano.

Jay-Z e Kanye West utilizam referências históricas, filosóficas e religiosas para questionar a moralidade e a hipocrisia das instituições. Jay-Z destaca contradições em figuras de poder com frases como “Lies on the lips of a priest” (Mentiras nos lábios de um padre) e “Thanksgiving disguised as a feast” (Ação de Graças disfarçada de banquete), além de citar pensadores como Sócrates e Platão para debater a relatividade dos valores morais. Kanye mistura imagens de excessos e transgressão, como em “Coke on her black skin made a stripe like a zebra” (Cocaína na pele negra dela fez uma listra como uma zebra), sugerindo a busca por prazer e sentido fora dos limites tradicionais. A frase “Love is cursed by monogamy” (O amor é amaldiçoado pela monogamia) critica normas sociais impostas, ressaltando que “o pastor não prega” e “um professor não ensina”.

O refrão “No church in the wild” funciona como um manifesto de autonomia, onde não há espaço para dogmas ou instituições: cada um precisa encontrar seu próprio caminho. A música convida à reflexão sobre fé, poder e moralidade em uma sociedade marcada por conflitos, excessos e descrença.