HIGHS AND LOWS

“HIGHS AND LOWS”: lealdade no caos e eco de controvérsia

A abertura em francês, tomada de “Soleil Soleil” de Pomme, pede a volta da luz e já chega carregada de tensão: a artista afirmou não ter autorizado a interpolação e desaprova as posições políticas de Kanye West, embora sem ação legal. Esse “raio de sol” contestado combina com a busca por reparo em HIGHS AND LOWS: ele admite os danos — “I put you through a lot, I know” (eu te fiz passar por muita coisa, eu sei) — e reconhece a lealdade de quem ficou: “Still, you never let me go” (mesmo assim, você nunca me deixou). O refrão consolida o sentido: amor que atravessa altos e baixos, com culpa, gratidão e vontade real de fazer melhor.

Nos versos, West contrapõe ego e humildade em “Ain’t nobody bigger than the program / Till you bigger than the program” (ninguém é maior que o sistema / até você ser maior que o sistema), referência às regras da indústria, à própria persona e aos limites do relacionamento. O campo é de amor viciante e turbulento: “Climax fast to a slow jam” (chego ao clímax rápido numa balada lenta) une duplo sentido sexual e contraste de ritmo; “toxic love, chemical romance” (amor tóxico, romance químico) acena à banda My Chemical Romance e à ideia de química literal, reação que vicia e intoxica. Ele celebra a reciprocidade — “Somebody I love finally loves me back” (alguém que eu amo finalmente me ama de volta) —, jura não ferir — “Before I break your heart, I’ll have a heart attack” (antes de partir seu coração, vou ter um ataque do coração) — e narra ruptura e reconciliação — “We separated but we made it back” (a gente se separou, mas voltou) — até a promessa “’til we fade to black” (até a tela escurecer), metáfora cinematográfica de ficar junto até o fim. No contexto do álbum BULLY (março de 2025), a faixa cristaliza a montanha-russa emocional e a resiliência de manter o laço, mesmo reconhecendo a própria parcela de toxicidade.