Mo Deuso

Humor e exagero no abandono amoroso em “Mo Deuso”

Em “Mo Deuso”, Kaquinho Big Dog transforma o drama do abandono amoroso em uma comédia escrachada, usando o dialeto mineiro de forma criativa e bem-humorada. A música brinca com o ressentimento de quem foi deixado por motivos banais, como fica claro nos versos: “Pur causa dumas bestage tão besta / Umas bobage tão boba ocê mi largô ieu”. O artista exagera nos pedidos de castigo, como em “Mo Deuso iscumunga essa muié” e “Trucida Jesuzin”, além de desejar um “caminhão di ripa na cacunda dela” ou que ela “pegue tifo pela vida”. Esses exageros não são literais, mas sim uma forma de ironizar o sofrimento, tornando-o motivo de riso e identificação, especialmente para quem conhece o jeito de falar do interior de Minas Gerais.

Kaquinho Big Dog, conhecido por misturar música e humor, faz piada até com a própria dor, usando expressões regionais e distorcendo a linguagem para aproximar a canção do cotidiano mineiro. O xingamento final, “Ô muié marvada fedazunha sô”, encerra a música com deboche, mostrando que, apesar da mágoa, o tom é de pura gozação. “Mo Deuso” é, assim, uma sátira sobre o fim de um relacionamento, onde o exagero e o humor funcionam como válvula de escape para a rejeição.