Pretona (part. Kyan)

Afirmação negra e superação social em “Pretona (part. Kyan)”

"Pretona (part. Kyan)", de KayBlack, destaca-se por transformar símbolos de ostentação e ascensão social em uma celebração da cultura negra e periférica. O termo "Pretona" vai além de um elogio à mulher negra; é um ato de orgulho e afirmação identitária, valorizando a beleza e o poder feminino negro em um contexto historicamente marcado pela negação desses atributos. Ao citar carros importados, roupas de grife e o "manto dos santos" (referência ao uniforme preto e branco do Santos Futebol Clube), KayBlack e Kyan não apenas ostentam, mas mostram que conquistaram espaços antes inacessíveis para jovens da favela, conectando o luxo à superação e ao sentimento de pertencimento.

A letra também evidencia a trajetória de transformação dos artistas, como no verso: "De um moleque que era traficante, hoje é aço do trap com funk". Esse trecho mostra como a música proporcionou uma mudança de vida, sem esconder as origens e os desafios enfrentados. A referência ao "interior todo preto e branco, pra combinar com o manto dos santos" reforça a ligação com o futebol, símbolo de paixão nacional e de mobilidade social, além de dialogar com a dualidade entre passado e presente. A música ainda traz uma crítica social, como em "Calma senhor, calma senhor, meu filho eu só quero dar um futuro", que expõe o olhar desconfiado da sociedade sobre quem vem da periferia. No conjunto, "Pretona" retrata de forma autêntica a juventude periférica, misturando orgulho, desejo, conquista e resistência em uma narrativa direta e envolvente.