FEEL.

Solidão e crítica social em “FEEL.” de Kendrick Lamar

Em “FEEL.”, Kendrick Lamar explora sentimentos de abandono e desilusão, especialmente após alcançar o sucesso. A frase repetida “Ain’t nobody prayin’ for me” (Ninguém está rezando por mim) destaca não só o isolamento que ele sente, mas também critica a superficialidade das relações ao seu redor. Versos como “I feel like friends been overrated / I feel like the family been fakin’” (“Sinto que os amigos foram superestimados / Sinto que a família tem sido falsa”) mostram como o sucesso trouxe mais afastamento do que união, revelando sua frustração com pessoas próximas.

A produção densa, marcada pela linha de baixo de Thundercat, reforça o tom introspectivo da música. Kendrick utiliza a repetição da palavra “feel” para expressar uma série de emoções contraditórias, como em “I feel like I’m losin’ my focus” (“Sinto que estou perdendo o foco”) e “I feel like I can’t breathe” (“Sinto que não consigo respirar”). Ele também aborda a pressão constante de ser julgado, como em “Feel like you wanna scrutinize how I made it” (“Sinto que você quer analisar como eu consegui”). Ao ampliar o olhar, Kendrick critica problemas sociais e a influência negativa da mídia em “Fill up the graves with fathers / Fill up the babies with bullshit / Internet blogs and pulpit, fill ‘em with gossip” (“Encha os túmulos com pais / Encha os bebês com besteira / Blogs de internet e púlpito, encha-os de fofoca”). No final, ele questiona: “I feel like the whole world want me to pray for ‘em / But who the fuck prayin’ for me?” (“Sinto que o mundo inteiro quer que eu reze por eles / Mas quem diabos reza por mim?”), deixando claro o peso de carregar as dores dos outros sem receber o mesmo cuidado.