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Eu Em 2005 (feat. Jadiel)

Kivitz

É o seguinte, entrei em cima do beat
É só os louco que insiste naquela ideia mil grau
O alemão bem largado, com o pensamento focado
Chamado de gardenal, ouviu e num achô legal, que tal?
Fazer um dim, até não caber mais no bolso
Chegar no baile e apontarem: Aquele mano é famoso!
Com o carro do ano, sobrando farinha
Todo pá, rodeado de menininha
Há! Segura um pouco, a ideia é outra, vem com calma
Eu vendo a roupa do corpo mas num vendo minha alma
Só bato palmas, pro cara que desceu o céu
Rasgou o véu e mais

Me sela dum lado do outro na frente
E atrás, me enche de paz
Me enche de orgulho de ter parceiros verdadeiros
Mais que uma família
A brisa da noite, do dia a dia que segue
O roteiro é improvisado e a trilha sonora é o rap, eu vô
Cena por cena, senão enverga
Cuidadoso pra não dá o passo maior que a perna
Sem maquiagem, a imagem é crua no semblante
Nem notaram minha presença, sou coadjuvante
A parte mais fraco do elo
O meu figurino é bermuda e chinelo
Sô brasileiro, amante do pagode
Da batucada, da pelada, da gelada
Não venho bem de terno e gravata, mas
Se é pra casa com a minha nega então não pega nada

Já vi manos que deram a volta por cima
(Eu mando um salve)
Pra queles que curtem a nossa rima
Já vi manos que largaram tudo e foram pro buraco
Manos que julgam seus outros manos pela cor
Manos que são outros em cima do palco

Eu rimo porque sei que o hip-hop, como me ensinou gog
É mais que treta, lupa preta
Aba reta na bombeta, larga a camiseta
E o MC não é apenas o que se apresenta, mas sim lamenta
A situação dos seus irmãos
Nos morros, nas quebradas, nos barracos
Nas estradas, na Febem
E na mansão também, pois felizmente tem
Felizmente tem!
Rico que tem tudo e não tem nada
Em vão a correria, os meios justificam os fins
E o fim? É só o começo de mais uma crise
Final feliz num existe ao menos que alguém te avise
Pise, pule a cerca, mas seja veloz
Há quem ataca e tá na placa, cuidado com o cão feroz
Eu sou a voz de quem você quiser que seja
Do excluído, da elite, da macumba ou da igreja, veja
Por outro lado, entenda o meu legado
O hip-hop é o sorriso na cada do moleque abandonado
Ousado é aquele que não quer ser respeitado pelos homens

Sim, respeito é consequência
Che Guevara só na camisa
Porque Cristo que é minha essência

Tá tudo errado, o capeta tá cheio de sócio
Dá pele aos ossos, eu grito quando oro o pai nosso
Pai! Seja feita a tua vontade
Que de uma vez por todas eu entenda
Sem ti não sou nada, minha vida é amarga
A porta era larga, eu entrei!
Na minha frente tem uma cachoeira
Mas eu insisto em beber da goteira
Desisto, não tava previsto mas arrego
A resposta foi pendurada no madeiro com um prego
Em cada mão, suando sangue
E aos homens que cuspiram em sua cara: Lhes deu perdão!

Esse é meu Deus, sem beleza, só talento
Único rei que se arrastava num jumento
Andava com as puta, com os leproso e com os detento
Nasceu do lado do porco e da vaca
Num berço de palha, sem magia
Seu pai era um José e sua mãe uma Maria, quem diria?
Ao aprendiz de marceneiro eu entreguei minha vida
O Cristo, por ele que eu existo
Me deixa sem palavras mesmo assim eu não resisto
E lhe declaro meu amor no verso, palavras rimadas
Quem diz que Deus não curte rap
Ainda num entendeu nada

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