Wicked

Rebeldia e resistência urbana em “Wicked” do KoRn

A versão de “Wicked” do KoRn, com participação de Chino Moreno, eleva o tom de resistência e confronto social já presente na faixa original de Ice Cube, trazendo a energia agressiva do nu metal. Ao reinterpretar um rap, a banda não só presta homenagem à cultura hip hop, mas também reforça a ideia de autenticidade e rebeldia ao unir estilos e vozes de diferentes origens, criando uma conexão entre formas de expressão marginalizadas.

A letra destaca imagens de luta e sobrevivência em um ambiente hostil, como em “Me and my mob got a truck full of 9's” (Eu e minha galera temos uma caminhonete cheia de armas) e “I got a Gat and I'm sitting at the window like Malcolm” (Estou com uma arma e sentado na janela como Malcolm), referência direta a Malcolm X e à postura de autodefesa diante da opressão. O refrão repetitivo “'Cause I get wicked!” (Porque eu fico perverso!) funciona como um grito de afirmação, mostrando que ser “wicked” — entendido como perigoso ou fora do padrão — é uma resposta à violência sistêmica e à exclusão. Trechos como “A horse is a pig that don't fly straight” (Um cavalo é um policial que não anda na linha) usam gírias para criticar a polícia, reforçando o tom de denúncia social. Já frases como “I get them skins / And I ain't talking about pork” (Eu pego as peles / E não estou falando de porco) trazem duplo sentido, podendo se referir tanto a conquistas sexuais quanto a conflitos raciais, ampliando o alcance da crítica.

A colaboração com Chino Moreno e o peso sonoro do KoRn tornam a mensagem de resistência e autenticidade ainda mais intensa, transformando “Wicked” em um manifesto urbano contra a opressão e celebrando a força coletiva diante das adversidades.