Mandrake

Identidade e ostentação nas ruas em “Mandrake” de Kyan

A música “Mandrake” de Kyan explora a construção de uma identidade marcada pelo risco, ostentação e busca por respeito nas ruas. O termo “mandrake”, central na letra, é uma gíria que representa o jovem ousado, envolvido com o crime e com um estilo próprio. Isso é reforçado por menções a marcas como Nike e Lacoste, além de acessórios como o boné de lado e o “kit breck”. Esses elementos funcionam como símbolos de status e também como uma espécie de armadura social, projetando poder e atraindo atenção, especialmente das mulheres, como nos versos: “Ela gosta de bandido e de nave” / “Pensar em nóis te deixa molhada”.

A letra também mostra a relação ambígua entre perigo e desejo, tanto no envolvimento com o crime quanto nos relacionamentos. O personagem se orgulha de sua trajetória de “neguiho sagaz, que não tinha estudo”, destacando que o respeito e a admiração vêm da superação das dificuldades e da conquista de dinheiro e prestígio por caminhos alternativos. O verso “Quando vê atravessa a rua e esconde o telefone” evidencia o estigma e o medo que a figura do mandrake provoca, ao mesmo tempo em que reforça sua reputação de “bandido periculoso”. Ao unir elementos do funk e do trap, a música retrata a vivência da periferia e a busca por reconhecimento, sem romantizar ou suavizar as contradições desse universo.