Do What U Want

Resistência e autonomia em "Do What U Want" de Lady Gaga

"Do What U Want", de Lady Gaga, aborda de forma direta a objetificação e o julgamento público que a artista enfrenta, especialmente em relação ao seu corpo e imagem. O refrão repetido — "Do what u want with my body" — pode parecer uma entrega, mas, no contexto da música, é uma ironia: Gaga critica a maneira como a mídia e o público tentam controlar sua aparência, deixando claro que sua mente, coração e voz permanecem fora desse alcance. Ela reforça isso nos versos: "U can't have my heart and u won't use my mind... U can't stop my voice, cause u don't own my life" (Você não pode ter meu coração e não vai usar minha mente... Você não pode calar minha voz, porque você não é dono da minha vida). Essa separação entre corpo e essência é uma resposta às críticas sobre sua aparência e à pressão constante da fama, algo que Gaga já comentou em entrevistas.

A letra também traz um duplo sentido sexual, misturando provocação e empoderamento. Gaga se apropria da linguagem da submissão para desafiar o voyeurismo e o controle externo, reafirmando sua autonomia sobre o próprio corpo. A polêmica colaboração com R. Kelly e o videoclipe nunca lançado, que abordava temas de poder e vulnerabilidade, acrescentam camadas de crítica social à música. No palco, Gaga reconhece que seu corpo "pertence ao público", mas destaca que sua dor e sacrifício são escolhas profissionais, não imposições. Assim, a faixa se transforma em um manifesto de resistência diante da exploração midiática e da sexualização, questionando os limites entre exposição, controle e liberdade.