Clima (part. Paulelson)

Conexão física e groove em “Clima (part. Paulelson)”

“Clima (part. Paulelson)” transforma a linguagem de pista angolana em coreografia de sedução, usando gírias e comandos de dança como enredo. Sob a sensualidade da Kizomba, o refrão “nós os dois é fire, fire” (nós dois somos fogo, fogo) e o onomatopeico “kra-kra-boom” encenam o calor do encontro e o controle do ritmo — ora acelerando, ora pedindo “vai com calma, bébé”. A química aparece no corpo: “Imagina tu em cima”, “sobe e baixa” e “até o Sol raiar” deixam claro o convite para uma noite longa e consensual. A voz suave de Landrick desenha o romance, enquanto o flow urbano e energético de Paulelson empurra a vibração para a pista. Esse casamento de timbres, destacado no lançamento como força da faixa, ganha imagem no clipe com Elisângela Gomes, elogiada por Landrick como “maravilhosa” e “profissional”.

As imagens e gírias mapeiam os gestos da dança. “Fire” (fogo) funciona como metáfora do desejo ardente; “de ladinho” e “quadradinho” descrevem movimentos de quadril — o “quadradinho” é literalmente desenhar um quadrado com a cintura. “Cuiar”, no uso angolano, é rebolar/roçar com intensidade, por isso o aviso “vai com calma” marca a negociação do ritmo; “bébé” atua como tratamento carinhoso. Já “faz lembrar o kuyuyu da bolacha” recorre a uma expressão coloquial que evoca o recheio doce e viciante, comparando a junção dos corpos a algo saboroso. As repetições — “Não ‘tás a ver o clima?” e “vem só curtir a vibe comigo” (vem só curtir o clima comigo) — operam como gatilhos de pista: ancoram a melodia, mantêm a tensão sexual e transformam o jogo de sedução numa dança guiada pelo groove da Kizomba até amanhecer.