The Ketchup Song

Por que “The Ketchup Song” ecoa nas pistas até hoje

O refrão aparentemente sem sentido é a tentativa de Diego de cantar “Rapper’s Delight” do Sugarhill Gang de ouvido, que vira “Aserejé ja de jé...” (verso sem sentido; inglês fonético de “Rapper’s Delight”). Essa confusão deliberada, somada ao vaivém entre espanhol e inglês — “viene Diego rumbeando” (Diego vem dançando rumba), “allí en la disco” (ali na discoteca), “mezcla con la salsa” (mistura com a salsa) e “He’s the king bailando el ritmo ragatanga” (ele é o rei dançando o ritmo ragatanga) — encena a mistura cultural da pista. A história é simples e animada: é sexta-feira, Diego chega à boate carismático, paquera, dança como quem manda no salão e, à meia-noite, o DJ solta um mix que ele mistura com salsa. O foco é a festa coletiva, o convite para dançar e a graça do inglês torto que vira batida e identidade do hit.

As hipérboles afinam o retrato do protagonista: “Many think it’s brujería” (muitos acham que é bruxaria) e “Every move will hypnotize you” (cada movimento vai hipnotizar você) fazem de Diego um “rei da pista”, celebrando seu swing e “chulería” (malandragem). “Rastafari afrogitano” (rastafári afro-cigano) sugere um rótulo híbrido e festivo, em sintonia com a base pop hispânica; o compositor Queco revelou ter se inspirado na harmonia de Carmen (Bizet), dando um sabor local ao pop global. O refrão funciona como percussão vocal, o que facilitou a travessia de idiomas — no Brasil, o Rouge manteve “Aserejé” em “Ragatanga” e o encanto permaneceu. As polêmicas sobre “satanismo” a partir de “a ser hereje” (a ser herege) não se sustentam: as integrantes do Las Ketchup explicaram que tudo é paródia inofensiva. No fim, “The Ketchup Song” celebra a força da batida e do carisma em um encontro multicultural onde até um inglês errado vira coro uníssono na pista.