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Tempos Efêmeros

Laura Conceição

Eles dizem que mulher
Foi feita pra isso, para aquilo
Eu digo isso é preconceito e preconceito eu aniquilo
Saia longa saia curta
Short ou camiseta
O corpo é meu
E não tem convite pra xereta
Eu uso o que eu quiser
Eu defino o que é careta
Porque eu sou mulher
Cara feia pra mim é treta
Se eu quiser vou sim
Se eu não quisermos vou na feira
Não sou comercial pra ser trocado na biqueira
Não sou uma estátua pra ficarem me encarando
E minha função não é só parir e um bebê
Estar embalando
Eu quero que fique claro
Foi num quarto escuro
Ou no sol no meio dia na frente de todo mundo que
Várias de nós passou por algum tipo de humilhação
Mas é o ponto final chega de submissão

Vou andar vestida ou nua
Sob o sol ou sob a lua
De vestido ou bermudão
(Top, saia ou macacão)
Ahhh nós tamo no corre
Ahhh quem luta nunca morre
Ahhh rap de mina chegou forte
Ahhh cheque mate esse jogo virou

Lápis e papel folhas concretas eu canto o choro de várias décadas
Parece ficção as piadas? Antes fosse
Eu estou procurando a graça até hoje
Arrepia braço quem deixou bem amado
Por um casamento arranjado lava prato seca prato
Choro e pranto é uma pena termos que ter chorado tanto
Mãe solteira se aponta, alá aquela apronta
É caloteira é mesquinha filho não se faz sozinha
Cansada dos cuzão dos boy que levantam a mão
Príncipe virou sapo e sapo não tá em extinção
Os olhares são paias fio da navalha educação é falha e a culpa Ainda é da minha saia?
Eu já falei pode crer preciso desenhar?
Estupro é pra prender é pra se erradicar

Ahhh nós tamo no corre
Ahhh quem luta nunca morre
Ahhh rap de mina chegou forte
Ahhh cheque mate esse jogo virou

É o fim da Zorra porra eu sou um ser humano estou quanto tempo aí lutando
Tratada igual o objeto desafeto respeite corpo e dialeto assim como vocês falam que
Respeitam os fetos

Vaca trepadeira vadiai puta o mundo encher a gente de nome
A gente encher o mundo de luta
Por toda cidade com toda a idade nos impõe vaidade machista publicidade
Eu quero meu trabalho
Eu quero a minha liberdade
Eu não quero ser igual
É meu direito a igualdade
Falta de respeito não olha pro meu peito olha pra força do trabalho que eu tenho feito
São tempos efêmeros e desgastes tremendo os templos de igualdade
E liberdade de gênero
Mulher não se recolher o mundo que saia da bolha
Qualquer coisa sobre o seu corpo é sua
Escolha

Ahhh nós tamo no corre
Ahhh quem luta nunca morre
Ahhh rap de mina chegou forte
Ahhh cheque mate esse jogo virou

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