O Superman

Crítica à tecnologia e poder em “O Superman” de Laurie Anderson

Em “O Superman”, Laurie Anderson constrói uma crítica irônica e ambígua sobre quem detém o poder e oferece proteção na sociedade contemporânea. Logo no início, a repetição de “O Superman, o judge, O mom and dad” mistura figuras de autoridade, cuidado e justiça, questionando quem realmente exerce controle em um mundo cada vez mais dependente da tecnologia e marcado pela militarização. O termo “Superman” vai além do herói dos quadrinhos, representando a ideia de um salvador ou autoridade suprema, enquanto a referência à ária de Massenet reforça o tema do poder deslocado para um ambiente frio e automatizado.

A letra faz críticas diretas à tecnologia e à militarização, especialmente ao citar “Here come the planes / They're American planes / Made in America” (“Lá vêm os aviões / Eles são aviões americanos / Feitos na América”), conectando-se ao contexto histórico da crise dos reféns no Irã e à Operação Eagle Claw. O verso “hold me, mom, in your long arms / your petrochemical arms, your military arms” (“me abrace, mãe, com seus longos braços / seus braços petroquímicos, seus braços militares”) ironiza o desejo de proteção, mostrando que a sociedade busca conforto em sistemas frios e potencialmente destrutivos. Anderson já declarou que a música trata de como “a tecnologia não pode salvar você”, algo refletido na progressão da letra, que vai do amor à justiça, da justiça à força, e da força a uma proteção artificial, representada por braços eletrônicos e militares.

A referência ao Tao Te Ching aparece na repetição mecânica de mensagens e comandos, como no trecho do correio de voz e na frase “You can come as you are, but pay as you go” (“Você pode vir como está, mas pague conforme usa”). Com um tom minimalista e irônico, a música expõe a fragilidade de confiar em sistemas tecnológicos e políticos, mostrando que, quando amor e justiça falham, resta apenas uma proteção impessoal e eletrônica.