NOITES TRAIÇOEIRAS (part. MC Luanna)

Desafios e resistência em "NOITES TRAIÇOEIRAS" de LEALL

"NOITES TRAIÇOEIRAS (part. MC Luanna)", de LEALL, retrata de forma direta o peso das responsabilidades enfrentadas por quem ascende socialmente vindo da periferia, especialmente quando essa conquista ocorre por meio da arte. LEALL utiliza expressões como “corrida sem parada” e “não posso perder tempo” para mostrar a urgência de quem precisa se manter em movimento para não perder o que alcançou. Essas imagens reforçam o contexto do EP "Você Precisa do Álibi", que aborda as pressões e inquietações de quem busca novos espaços sem abandonar suas raízes. Referências ao “senhor das armas” e ao “tabuleiro” indicam a necessidade de estratégia e a convivência com ambientes hostis, onde confiança é rara e a sobrevivência exige vigilância e resiliência. O verso “nós nunca foi espelho, criando nossa identidade nesse tabuleiro” destaca a busca por originalidade e resistência diante das adversidades sociais, alinhando-se à proposta do EP de explorar novas formas de expressão.

A participação de MC Luanna traz a perspectiva feminina e negra, marcada por desafios específicos. Ela aborda a cobrança social sobre mulheres negras periféricas, como em “uma mulher preta que não pode errar com o mundo, mas errei comigo quando ninguém nunca tava”, evidenciando a solidão e a autossuficiência forçada. O trecho “faço o movimento, a autoestima sempre quer bater na sexta” mostra a luta diária por reconhecimento, enquanto “MC Luanna me fez ser uma mulher fria” revela o endurecimento emocional como defesa. A trajetória de MC Luanna, que migrou do funk para o rap por falta de espaço para mulheres, se reflete na letra ao mostrar a necessidade de se impor e se proteger em um ambiente masculino e hostil. Assim, "NOITES TRAIÇOEIRAS" apresenta um retrato honesto das batalhas cotidianas de quem vem da periferia, equilibrando ambição, vulnerabilidade e a busca por pertencimento.