O Crime e a Música (part. Ryu, The Runner e Xamã)

Relação entre ascensão social e arte em “O Crime e a Música”

Em “O Crime e a Música (part. Ryu, The Runner e Xamã)”, LEALL faz uma comparação direta entre o universo do crime e o da música, mostrando como ambos podem ser caminhos de ascensão social e busca por respeito na periferia. Ao citar “proximidade do estúdio com a boca” e “aumente a produção / seguindo os mandamentos que as favela ecoa”, a letra evidencia que as estratégias de sobrevivência e crescimento no tráfico são aplicadas também na indústria musical. Astúcia, resiliência e adaptação são qualidades essenciais em ambos os contextos. O verso “É que a minha mente startup eu sou o ceo dessa porra” reforça a ideia de empreendedorismo, com o artista assumindo o controle do próprio destino, sempre buscando se destacar e avançar, seja no crime ou na música.

A canção também retrata a realidade difícil da favela e as escolhas limitadas que ela impõe, como em “quinze anos aqui não tem estágio / profissão: rouba carro de filho de médico”. Esse trecho mostra a falta de oportunidades formais e como o crime acaba sendo visto como uma alternativa de sobrevivência. Apesar disso, há um desejo de mudança, expresso em versos como “por um bom motivo / uma casa no morro / e um apê na lagoa” e no orgulho de ver ex-presidiários trabalhando em sua gravadora. O refrão “botando essa vibe” serve como afirmação de que é possível transformar experiências de vida difíceis em arte e conquista. A letra, repleta de gírias e referências à cultura urbana, mantém um tom direto e realista, reconhecendo a influência do crime, mas sem glamourizá-lo, e destacando a importância das escolhas para sobreviver e prosperar.