Quarto de Despejo

A exclusão social nas favelas em “Quarto de Despejo”

Em “Quarto de Despejo”, LEALL faz uma crítica contundente à marginalização das favelas cariocas, usando como ponto de partida a referência ao livro de Carolina Maria de Jesus. Ao dizer “favelas cariocas são um quarto de despejo”, o artista compara essas comunidades a espaços onde se acumulam objetos indesejados, mostrando como são tratadas como áreas descartáveis e invisíveis tanto pelo poder público quanto pela sociedade.

A letra traz imagens impactantes para denunciar a desigualdade, como em “o amarelo na bandeira representa a fome”, onde LEALL subverte o símbolo nacional para expor a realidade da pobreza. O verso “dinheiro é sinônimo de sangue” destaca a relação direta entre sobrevivência, luta diária e violência nas favelas. O artista também aborda o racismo estrutural e a criminalização dos corpos negros, especialmente em trechos como “Bucetas brancas sempre pensam que eu vim pra roubar” e “camisas de escola não merecem marca de sangue”, evidenciando o preconceito e a violência policial. Ao repetir “eu sou um cômodo escondido” e “cem por cento fora do cartão postal”, LEALL reforça a exclusão dessas pessoas das narrativas oficiais e turísticas da cidade.

A escolha de samplear “NY State of Mind” de Nas conecta a realidade das periferias brasileiras à de comunidades marginalizadas nos Estados Unidos, ampliando o alcance da crítica social. LEALL homenageia Carolina Maria de Jesus ao atualizar sua denúncia sobre fome, exclusão e luta por dignidade, mostrando que, mesmo décadas depois, a situação das favelas ainda reflete abandono e resistência.