QUEM SABE UM DIA

Solidão e resistência urbana em "QUEM SABE UM DIA"

Em "QUEM SABE UM DIA", LEALL aborda a solidão que persiste mesmo quando se está cercado de pessoas. O artista revela esse sentimento no verso “Eu tô sozinho, mermo quando eu tô de bonde”, mostrando que, apesar de estar em grupo, sente-se isolado. Essa sensação está ligada à incompreensão e à busca por relevância artística, que acabam afastando-o dos outros. O trecho “Incompreendido, isso me coloca entre os grande” reforça a ideia de que ser marginalizado e não compreendido é uma marca dos que deixam legado, aproximando LEALL de figuras que desafiam o senso comum e a norma social.

A letra também traz referências à luta diária nas ruas, à hipocrisia social e à busca por reconhecimento. Em “Essa é minha cruz, eu nasci pra morrer no front / Pelo movimento e pelo troféu na estante”, LEALL se apresenta como alguém que carrega o peso de lutar por causas maiores, seja pelo movimento cultural ou por conquistas pessoais. Ele não ignora as contradições do ambiente em que vive, como mostra em “Me cansa essa hipocrisia / Vem com meu malote e sua militância vazia”. O verso “Se eu dirigir um filme, você vai me ver em Cannes / Prendi na rua, eu poderia tá em cana” faz um jogo de palavras entre o sucesso artístico e o risco de ser criminalizado, destacando a linha tênue entre ascensão e marginalização para quem vem da periferia.

O refrão “Quem sabe, um dia?” expressa uma esperança resignada de que mudanças, como o fim da violência, possam acontecer. O uso repetido de “pow” remete tanto ao som de tiros quanto a uma pontuação enfática, reforçando o clima de tensão. LEALL constrói uma narrativa marcada pelo desejo de transformação, mas sem perder a consciência das dificuldades impostas pelo contexto social.