Samba-Enredo 1992 - Batuque, a Força de Uma Raça

Orgulho e resistência negra em “Samba-Enredo 1992 - Batuque, a Força de Uma Raça”

O samba-enredo “Samba-Enredo 1992 - Batuque, a Força de Uma Raça”, da G.R.C.E.S. Leandro de Itaquera (SP), destaca a valorização das matrizes africanas na cultura brasileira. Logo no início, a menção a grupos étnicos como “gege, nagô, yoruba, ige-cha” evidencia o reconhecimento da diversidade do povo negro trazido ao Brasil e reforça que a “pele escura, raiz da cultura” é motivo de orgulho. A letra faz questão de mostrar que essas raízes são fundamentais para a construção da identidade nacional.

A narrativa do samba-enredo aborda o sofrimento da escravidão, como em “trazido de uma terra tão distante / pela força da chibata / o negro entoava seu canto de dor”, mas rapidamente transforma esse lamento em força criativa. O batuque surge como símbolo de resistência e expressão, sendo o elemento que “acende a chama do folclore brasileiro”. Ao citar manifestações como congada, maracatu e bumba-meu-boi, a música reforça que a cultura negra é a base de muitas tradições populares do país. O trecho “Kaô xangô, justiceiro / proteja a chama do folclore brasileiro” invoca o orixá Xangô, símbolo de justiça, conectando religiosidade, resistência e orgulho.

No final, a afirmação “Sou Leandro, sou feliz / sou batuque / sou a força da raiz” resume o sentimento de pertencimento e celebração da escola de samba, que se coloca como guardiã dessa herança. O samba-enredo, assim, exalta a trajetória de luta e superação do povo negro e convida ao respeito e valorização de suas contribuições para a cultura brasileira.