Kashmir

Viagem interior e misticismo em "Kashmir" do Led Zeppelin

Em "Kashmir", do Led Zeppelin, a escolha do título remete a um lugar mítico e inalcançável, mesmo que a inspiração real tenha vindo de uma viagem de Robert Plant ao deserto do Saara. A música explora a ideia de uma jornada espiritual, mais profunda do que um simples deslocamento geográfico. Nos versos “I am a traveler of both time and space / To be where I have been” (“Sou um viajante do tempo e do espaço / Para estar onde já estive”), Plant expressa a sensação de atravessar não só paisagens físicas, mas também dimensões internas, reforçando o caráter universal e atemporal da busca retratada na canção.

A letra traz imagens marcantes de desolação e maravilhamento, como em “All I see turns to brown / As the Sun burns the ground / And my eyes fill with sand” (“Tudo que vejo fica marrom / Enquanto o Sol queima o chão / E meus olhos se enchem de areia”), evocando tanto a aridez do deserto quanto o sentimento de estar perdido ou em busca de sentido. O trecho “Sit with elders of the gentle race / This world has seldom seen” (“Sentar com os anciãos da raça gentil / Que este mundo raramente viu”) sugere um encontro com sabedoria ancestral, reforçando o tom místico da música. Referências como “My Shangri-La beneath the summer Moon” (“Meu Shangri-La sob a lua de verão”) e “father of the four winds” (“pai dos quatro ventos”) ampliam o tema da viagem como metáfora para autodescoberta e superação de desafios. A sonoridade oriental, marcada pela afinação DADGAD e arranjos orquestrais, intensifica a atmosfera de exotismo e transcendência, tornando "Kashmir" uma experiência sensorial e emocional única.