Fátima

Crítica à passividade social em "Fátima" da Legião Urbana

"Fátima", da Legião Urbana, faz uma crítica direta à tendência de esperar por milagres ou soluções externas diante de crises sociais e políticas. A letra usa a referência às aparições de Nossa Senhora de Fátima para questionar a passividade das pessoas, especialmente em momentos de ameaça, como a corrupção e o medo de conflitos nucleares. O verso “Vocês esperam uma intervenção divina / Mas não sabem que o tempo agora está contra vocês” evidencia esse tom de reprovação, mostrando que aguardar por uma salvação sobrenatural é inútil diante da urgência dos problemas reais.

A música também subverte símbolos religiosos para reforçar sua mensagem. No trecho “E de repente o vinho virou água / E a ferida não cicatrizou / E o limpo se sujou / E no terceiro dia ninguém ressuscitou”, elementos tradicionais do cristianismo são invertidos para mostrar que não haverá milagre ou redenção sem ação concreta. Ao escolher Fátima como símbolo, a banda amplia a crítica: não se trata apenas de religião, mas de ilustrar a decepção com a espera por soluções divinas e a necessidade de assumir responsabilidade individual e coletiva. Assim, "Fátima" deixa claro que a mudança depende das próprias pessoas, e não de intervenções sobrenaturais.