Metrópole

Crítica social e indiferença urbana em “Metrópole”

Em “Metrópole”, Legião Urbana faz uma crítica direta à insensibilidade e ao sensacionalismo presentes nas grandes cidades. Logo no início, a música contrapõe o impacto de um acidente real à reação fria das pessoas, como nos versos “É sangue mesmo, não é Merthiolate” e “É tão emocionante um acidente de verdade”. Esses trechos mostram como a sociedade urbana se acostumou a tratar tragédias como entretenimento, reforçado pela frase “Vai passar na televisão”, que aponta para a banalização da dor alheia pela mídia.

A letra também destaca a impessoalidade dos serviços públicos e a burocracia das metrópoles. Frases como “Por gentileza, aguarde um momento” e “Ordens são ordens” são repetidas de forma mecânica, evidenciando a falta de empatia e o distanciamento entre as pessoas. O pedido constante por documentos, senhas e comprovantes de residência reforça a crítica à desumanização, mostrando que o sistema valoriza mais as regras do que o sofrimento individual. No final, o verso “E agora eu já vou indo senão perco a novela” escancara o individualismo e a indiferença, sugerindo que, mesmo diante de situações graves, o conforto pessoal e a rotina são colocados acima da solidariedade e do senso de coletividade.