Só No Balanço do Mar

A Jornada Poética e Mística de Lenine em 'Só No Balanço do Mar'

A música 'Só No Balanço do Mar', de Lenine, é uma rica tapeçaria de metáforas e imagens poéticas que exploram a jornada do eu lírico através dos mares da vida. A letra começa com a evocação de experiências marítimas, tanto em momentos de turbulência quanto de calmaria, simbolizando os altos e baixos da existência. A referência ao 'mar da melancolia' que é incendiado para pescar alegria sugere uma luta interna para transformar tristeza em felicidade, utilizando a própria dor como ferramenta de superação.

A nau, descrita como 'capitã dos meus amores', representa o coração do eu lírico, que em cada porto deixa uma paixão. Isso pode ser interpretado como as várias experiências amorosas e emocionais que moldam a vida de uma pessoa. A mudança de rota pelo vento e a navegação por todas as cores para se tornar um camaleão indicam a adaptabilidade e a transformação constante do eu lírico, que se molda conforme as circunstâncias e experiências vividas.

A música também faz referências culturais e místicas, como o 'canto da sereia' e o 'colo de Iemanjá', que são elementos do folclore e da religiosidade afro-brasileira. Esses elementos reforçam a conexão do eu lírico com o mar e a espiritualidade. A saudade de 'Chico Ferreira e Bento' e a jangada que voltou sem pescador evocam uma sensação de perda e nostalgia, enquanto o farol que orienta o desatento e a curva no vento simbolizam a busca por direção e propósito na vida. Em suma, 'Só No Balanço do Mar' é uma ode à jornada pessoal e espiritual, repleta de simbolismos e referências culturais que enriquecem a narrativa poética de Lenine.