O Dia Em Que Faremos Contato

Encontro cultural e esperança em “O Dia Em Que Faremos Contato”

Em “O Dia Em Que Faremos Contato”, Lenine propõe uma inversão de expectativas ao imaginar uma nave espacial pousando no morro, e não em grandes centros urbanos como São Paulo ou Brasília. Essa escolha valoriza as comunidades periféricas, tradicionalmente marginalizadas, e transforma o morro em símbolo de proximidade com o universo. O morro representa tanto a altitude literal quanto uma abertura metafórica para o novo e o diferente.

A música mistura elementos da cultura afro-brasileira com ficção científica, como na imagem dos ETs "vestidos de Orixá". Essa fusão cria uma cena divertida e cheia de brasilidade, onde o contato com o desconhecido acontece por meio da festa, do samba e da religiosidade popular. Lenine destaca que, enquanto a galáxia está em guerra, a paz só existe na Terra, especialmente nas manifestações culturais brasileiras: “Essa coisa de riso e de festa / Só tem aqui / Baticum, ziriguidum, dois mil e um / Só tem aqui”. As expressões "baticum" e "ziriguidum" reforçam o tom leve e musical, enquanto "dois mil e um" faz referência ao clássico da ficção científica, mas com um toque carnavalesco. O humor aparece quando os ETs vêm "pedir socorro" e acabam se integrando à comunidade, sugerindo que o verdadeiro contato entre mundos acontece pela alegria, música e convivência. No final, Lenine transmite uma mensagem otimista: se o universo aprender a sambar com o morro, talvez encontre ali o segredo da paz e da celebração da vida.