Umbigo

Crítica ao narcisismo moderno em "Umbigo" de Lenine

"Umbigo", de Lenine, faz uma crítica bem-humorada ao egocentrismo e ao narcisismo presentes na sociedade contemporânea. Logo no início, a repetição do verso “Umbigo, meu nome é umbigo” destaca o foco exagerado no próprio eu, simbolizando o individualismo crescente. Lenine, junto com Ivan Santos e Bráulio Tavares, utiliza o umbigo como metáfora para mostrar como as pessoas se voltam para si mesmas, ignorando o coletivo. Trechos como “Gosto muito de conversar comigo” e “Não dou ouvidos nem peço conselhos” reforçam essa ideia de isolamento voluntário, refletindo comportamentos comuns na era digital, onde muitos preferem o diálogo interno ao contato real com os outros.

A letra também ironiza a autovalorização e o sentimento de superioridade, como em “Só é real o que convém à realeza” e “Sou o dono do mundo e o rei da cidade”. O verso “Eu sou mais eu! dê cá um close no narciso” faz referência direta ao mito de Narciso, ampliando a crítica ao narcisismo atual. Já a frase “Me peça tudo, só não peça para ter juízo” mostra o desprezo por autocrítica ou responsabilidade, enquanto “Vivo na sombra e água fresca do meu ego” resume o conforto de quem vive apenas para si. Ao afirmar “Se um dia o mundo pegar fogo eu salto antes / E dou adeus a seis bilhões de figurantes”, Lenine escancara o individualismo extremo, onde o outro é visto apenas como coadjuvante. A participação de Ani DiFranco e Eumir Deodato contribui para a leveza da canção, que, mesmo descontraída, faz uma crítica certeira ao egoísmo e à autovalorização desenfreada.